14.11.23
Parece herança escrita no sangue rubro
de fontes riquíssimas de minérios
do beijo que me dás, ao beijo que te dou.
a tua boca ávida ludibria o tempo férreo
com mãos algozes e homicidas das fortes
fundações do sagrado templo intangível
cerram-se pálpebras, palavras são inúteis
vôo fatídico de Ícaro antes do mergulho fatal
por aproximar-me tanto do sol, meu céu azul
a tua branca mão de violoncelista é habil
e belo o teu corpo de sinuoso violoncelo
fez brotar-me da terra uma oliveira firme
não há lua ou sol, só o brilho dos olhos
líquidos da saudade pura e cristalina da
montanha que és que escalei e me desfiz