14.06.23
Que facínora do sentir nos doma e guia
que falso imperador nos faz gritar por Marte
que mal de Copérnico gira noite e dia
espalhando a sombra indecisa em toda a parte
quem nos controla, nos enreda numa teia
fácil de tecer, difícil de desenredar
que mal universal herdámos de Pangeia
que eternamente gira o mundo sem parar
é de noite que nos sonhos nos visitam
polvos verdes com horríficos tentáculos
é de dia que os sentidos mortificam
vertiginosa queda livre do pináculo
que novo fogo de artifício da inteligência
nascida para ser um novo deus na terra e
substitui o amor por mecânica excelência
que nova maligna semente nos influi
eu não pedi nenhum jardim da babilónia
que viesse em forma de amor mecanizado
eu recuso-me a dormir em quartos de insónia
gosto manter-me vivo, lúcido, apaixonado
o sorriso lunático do filantropo dá-me
náuseas e tonturas meu estômago é fraco
quando querem que eu coma sem ter fome
quando exigem que na cabeça enfie o saco
sentir a vida correr frenética nos pulsos
há melodias no sangue rubro que me encantam
há quem lute para que demónios sejam expulsos
há cânticos e orações que não os espantam
a imagem do sangue rubro na branca neve
lembra-me livros que li quando era novo
insustentável forma de viver-se leve
a ver o lobo devorar a lírica do povo
que magno deus define o que é verdade ou não
com olhos incendiados que nos range os dentes
que mago nos lançou feitiços de ilusão
vivendo à custa do Silêncio dos Inocentes