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O Poeta Erótico

28.04.23

Tem que haver um ramo na folhagem
solitário enquanto os outros voam
escolher a cor perfeita da voragem
pintar perfeita a dor se nos magoam

têm que haver versos presos como
aves de grande envergadura
que furem nuvens cinza lá no alto
façam ruído na íngrime pintura

Tem que existir um compromisso
intangível pacto de desigualdade
entre o que valho e o que não valho
no seio desta desumanidade

um traço fino em papel virgem
uma viagem nova se inicia
escritos com lápis de cera que nos dizem
o dia é desafio de poesia

por isso invoco os bichos e insectos
que se aglomerem líricos à volta
cantando versos do poeta
que amor mendiga de porta em porta

28.04.23

Eu gosto de como ficamos os dois depois de
navegar pelo mar que faço do teu corpo
eu gosto de como ficamos os dois depois de
vazio

eu gosto de seguir os contornos suaves do
teu corpo pálido e das veias nobres azuis de
mar homérico, ou quando te metamorfoseias em
céu

palavra a palavra, avanço no poema que nunca
escrevi, flutuo delinquente numa escuridão
molhado de medo e desejo, ao mesmo tempo que
desapareço

eu gosto de como sentimos o voo das aves
num bailado coreográfico de coreógrafo divino
de desconhecido líder, rumo a sul, a sul, onde está
quente

eu gosto de quando me apertas o peito em pânico
à espera que entre em pânico ao mesmo tempo que
tu, vincas-me versos com mãos quiméricas
geladas

eu gosto quando remexes o escuro à procura do rumo
do nosso lenho frágil, tão frágil no mar de tempo
quando sai o som de flauta da tua boca suave um grito
mudo

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