28.04.23
Tem que haver um ramo na folhagem
solitário enquanto os outros voam
escolher a cor perfeita da voragem
pintar perfeita a dor se nos magoam
têm que haver versos presos como
aves de grande envergadura
que furem nuvens cinza lá no alto
façam ruído na íngrime pintura
Tem que existir um compromisso
intangível pacto de desigualdade
entre o que valho e o que não valho
no seio desta desumanidade
um traço fino em papel virgem
uma viagem nova se inicia
escritos com lápis de cera que nos dizem
o dia é desafio de poesia
por isso invoco os bichos e insectos
que se aglomerem líricos à volta
cantando versos do poeta
que amor mendiga de porta em porta