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O Poeta Erótico

16.03.23

inicia-se o embalo líquido
núcleo primitivo transformando
palavras em água. E seguro-me a ti
lembrança selectiva do que à cabeça me vinha
logo que te via e beijava as gotículas salgadas
do te lirismo doce de saudade. Nessa altura,
boémio, inexperiente, as memórias eram escritas
com cinzel, a tua boca fresca vinculava
o beijo selado restrigindo o mundo.
Que é de ti, rosa do meu esquálido jardim
que é de ti e da luz à janela que deixavas acesa
quando querias que eu entrasse?
e quando entrava, entrava nessa noite escura
onde fazíamos clara luz do dia

 

07.03.23

Quando olho para ti um dia de
perfeito azul do mês de Junho
nas areias movediças do tempo

um campo rendilhado de flores
amarelas, de corolas abertas
clamando a atenção do sol supremo

quando olho para ti é sempre
natal de infância no meu coração
depressa me conecto a ti

a chuva bate em protesto na janela
e parece que o vento me grita:
idiota!, sempre que te invade o pranto

é difícil no escuro encontrar a colina
mandrágora de raízes fortes,
à sombra de desbastado arbusto

não se escrevem mais poemas de amor
escrevem-se palavras em folhas de lua
ao luar passageiro no jardim da alma

quando olhas para mim estrangulo
um beijo lascivo dado em público
no cubículo apertado e íntimo

não voltarás ao túmulo do meu
coração de marmóre frio, serás
a estrela que corro a ver da janela

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