24.10.22
Escorre-me nos dedos o sumo
cítrico quando aperto
a fruta madura. O gemido
move-se devagar na tua
garganta, revestida de
pescoço de cisne a pele
láctea e rosas cujos seios
empertigam-se como dálias
lívidas, teu corpo, que instrumento
musical és tu! És tu a música
da qual me vicio, mística
de palavra aberta ao meio
há na cama resolução de problemas
anseios infinitos, discursos mudos
cheiros no ar de químicas criadas
mistura de lábios e sexos
falar é a seca extrema, beijar
é a chuva entrecortada entre
o vidro dos olhos e o lume
dos nervos. Que o tempo cesse
o pânico que o início acabe
a síncope na hora da ternura
a fricção dos corpos destilados
num fogo poético qualquer