04.06.22
Como se a música soasse por magia
e deixasse escancarada a porta do coração
chamando pelo meu nome
assim te falo, no oculto do tempo
sólida maneira de sacudir-te querida
somos agora, sem amanhã. Acorda!
orquídea a descobrir-se
magnólia a rebelar-se
rosa a abrir-se e a fechar-se
ó distância percorrida do que se deseja
e se consegue, loucura híbrida no profundo
mar da imaginação
toco-te o fundo, de beijo molhado
a desfazer-se na saliva de uma sílaba
que apenas sai e que em h se acaba
denotativo beijo que de súbito
se pressupõe derramar a luz do
candeeiro do sol a penetrar-te
ó ânsia de chegar ao fim, tão perto
do deserto escuro, que é perfeito
de tanto querer perder-me
ó levedura esbranquiçada no início
a formar-se brando como um lume
vulcânico dócil desigual
como o desenrolar de uma frase
que se guardou há demasiado tempo
no Íntimo roído por um beijo cítrico
assim é o fim das coisas, tudo é verso
a verso, fluxo e refluxo de ar entrando
pelas narinas
como em ti